GRÉCIA, ONDE A CRISE ECONÓMICA CRIOU UMA CATÁSTROFE SOCIAL
Atenas é uma cidade condenada que não consegue esconder a miséria. As manifestações violentas tornaram-se frequentes. No centro histórico há fome, pessoas sem-abrigo e muitas seringas no chão. Perto da Praça de Omonia, no coração da cidade, encontra-se o desespero de quem tudo perdeu. Começaram por perder o emprego, perderam a esperança e muitos já perderam a dignidade. Resta-lhes aceitar a caridade da Igreja Ortodoxa grega ou o assistencialismo de um centro municipal que há muito deixou de conseguir responder a todos os pedidos de refeições diárias. Uma questão coloca-se: serão estes os famigerados que viveram acima das suas possibilidades? A resposta é óbvia, num país obrigado a viver desde 2009 com uma receita de sucessivas medidas de austeridade. BSC
x
Portugal, a anti-democracia do empobrecimento
Em Maio de 2011, após uma grave crise financeira internacional, Portugal assinou um memorando de entendimento de políticas económicas e financeiras com a União Europeia, o FMI e o Banco Central Europeu. Ficou definido um plano de medidas de austeridade com o objectivo de controlar a dívida pública. O impacto de tais medidas resultou em três anos de recessão económica, e num aumento descontrolado da dívida pública em 130% do Produto Interno Bruto. Portugal, atingiu no primeiro trimestre de 2013 uma taxa de desemprego de 17,7%, e arrisca-se a ser um país europeu ainda mais periférico, em que dois milhões de pessoas vivem em risco de pobreza e 25,5% da população encontra-se em situação de privação material. A insensibilidade social, e a destruição económica provocada pelo “ajustamento interno” criou um exército de novos pobres que põe em causa a democracia e sustentabilidade do país. BSC
x
Em Maio de 2011, após uma grave crise financeira internacional, Portugal assinou um memorando de entendimento de políticas económicas e financeiras com a União Europeia,...
ler mais
Em Maio de 2011, após uma grave crise financeira internacional, Portugal assinou um memorando de entendimento de políticas económicas e financeiras com a União Europeia,...
ler mais
Em Maio de 2011, após uma grave crise financeira internacional, Portugal assinou um memorando de entendimento de políticas económicas e financeiras com a União Europeia, o FMI e o Banco Central Europeu. Ficou definido um plano de medidas de austeridade com o objectivo de controlar a dívida pública. O impacto de tais medidas resultou em três anos de recessão económica, e num aumento descontrolado da dívida pública em 130% do Produto Interno Bruto. Portugal, atingiu no primeiro trimestre de 2013 uma taxa de desemprego de 17,7%, e arrisca-se a ser um país europeu ainda mais periférico, em que dois milhões de pessoas vivem em risco de pobreza e 25,5% da população encontra-se em situação de privação material. A insensibilidade social, e a destruição económica provocada pelo “ajustamento interno” criou um exército de novos pobres que põe em causa a democracia e sustentabilidade do país. BSC
x
Capeia arraiana
A capeia arraiana é uma corrida de touros originária das terras de Ribacôa, aldeias da raia na fronteira com Espanha. Considerada património etnográfico, a capeia arraiana é conhecida por ser uma tourada com características únicas do mundo. É uma tradição com raízes ancestrais, que teve origem nos Forcalhos ou na Lageosa da Raia. BSC
x
A capeia arraiana é uma corrida de touros originária das terras de Ribacôa, aldeias da raia na fronteira com Espanha. Considerada património etnográfico, a capeia arraiana...
ler mais
A capeia arraiana é uma corrida de touros originária das terras de Ribacôa, aldeias da raia na fronteira com Espanha. Considerada património etnográfico, a capeia arraiana...
ler mais
A capeia arraiana é uma corrida de touros originária das terras de Ribacôa, aldeias da raia na fronteira com Espanha. Considerada património etnográfico, a capeia arraiana é conhecida por ser uma tourada com características únicas do mundo. É uma tradição com raízes ancestrais, que teve origem nos Forcalhos ou na Lageosa da Raia. BSC
x
A troika foi embora, mas a austeridade ficou
No dia 17 de maio de 2014, Portugal abandonou o programa de resgate solicitado à troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). Após três anos de recessão e de uma consolidação orçamental fundamentada num programa de austeridade, o legado europeu de igualdade, direitos humanos e solidariedade foi descartado e os problemas agravaram-se. Um relatório das Nações Unidas confirma que a ajuda externa teve um impacto adverso nos direitos sociais, económicos e culturais, e alerta que o país encontra-se numa trajectória de subdesenvolvimento: Aumentou o risco de exclusão social, há mais crianças pobres e quem é pobre está mais longe de deixar de o ser. A austeridade veio para ficar. Portugal, de Janeiro a Agosto de 2014. BSC
x
No dia 17 de maio de 2014, Portugal abandonou o programa de resgate solicitado à troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). Após...
ler mais
No dia 17 de maio de 2014, Portugal abandonou o programa de resgate solicitado à troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). Após...
ler mais
No dia 17 de maio de 2014, Portugal abandonou o programa de resgate solicitado à troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional). Após três anos de recessão e de uma consolidação orçamental fundamentada num programa de austeridade, o legado europeu de igualdade, direitos humanos e solidariedade foi descartado e os problemas agravaram-se. Um relatório das Nações Unidas confirma que a ajuda externa teve um impacto adverso nos direitos sociais, económicos e culturais, e alerta que o país encontra-se numa trajectória de subdesenvolvimento: Aumentou o risco de exclusão social, há mais crianças pobres e quem é pobre está mais longe de deixar de o ser. A austeridade veio para ficar. Portugal, de Janeiro a Agosto de 2014. BSC
x
Lugares de silêncio
Os cumes montanhosos das serranias do Gerês estendem-se em tonalidades difusas e traços imprecisos para além da vista do horizonte. O vento corre no silêncio do espaço vazio e reconhece-se tudo a partir do halo físico emanado da massa sólida da criação original. É um lugar perfeito, a morada ideal, onde ultrapassamos a imperfeição da existência. Nesse espaço inteiro, as marcas da milenar ocupação humana revelam-se desapercebidas na tela da paisagem – a ruína de um muro, o vestígio de um caminho. É então que se dá a transmutação de um estado sublime para a contingência da nossa humanidade. E a palavra faz-se carne e passa a habitar entre nós.
A partir desse vislumbre de imperfeição, transpomos a concepção da natureza como unidade diferenciada, matéria-prima a partir da qual a vida dos homens é construída. Como em Marx, ela está em “interacção metabólica” com o homem. A natureza produz homens, e os homens transformam a natureza. Gente que molda a paisagem; a paisagem que molda a gente. Até que, no transcorrer silencioso do tempo, gente e paisagem se fazem unidade.
Esta transacção faz-se visível com a descida aos povoados. Nas práticas de transumância, na vida com os animais, no cultivo dos campos, nos usos do espaço da casa e da rua. São modos de viver e habitar o mundo em declínio devido a novas ordens de relação social e económica.
Desse modo de viver, que não mais faz parte do presente, podemos registar apenas um simulacro. Uma memória que nunca poderá ser memória autêntica, porque esse passado que foi não volta a ser. Dele resta apenas o que é no tempo presente, os seus sinais, os seus traços. É aí que se radica o acto de criação, pela acção voluntária de encontro com as próprias origens, pela relação íntima e desapegada de si com os outros, pela completa imersão na experiência do tempo presente. Para mergulhar nessas águas que abundam em toda a área do Parque, indispensáveis à vida e à fixação do homem, e voltar ao princípio original de todas as coisas.
Bruno Simões Castanheira
Abril 2017
x
Os cumes montanhosos das serranias do Gerês estendem-se em tonalidades difusas e traços imprecisos para além da vista do horizonte. O vento corre no silêncio do espaço...
ler mais
Os cumes montanhosos das serranias do Gerês estendem-se em tonalidades difusas e traços imprecisos para além da vista do horizonte. O vento corre no silêncio do espaço...
ler mais
Os cumes montanhosos das serranias do Gerês estendem-se em tonalidades difusas e traços imprecisos para além da vista do horizonte. O vento corre no silêncio do espaço vazio e reconhece-se tudo a partir do halo físico emanado da massa sólida da criação original. É um lugar perfeito, a morada ideal, onde ultrapassamos a imperfeição da existência. Nesse espaço inteiro, as marcas da milenar ocupação humana revelam-se desapercebidas na tela da paisagem – a ruína de um muro, o vestígio de um caminho. É então que se dá a transmutação de um estado sublime para a contingência da nossa humanidade. E a palavra faz-se carne e passa a habitar entre nós.
A partir desse vislumbre de imperfeição, transpomos a concepção da natureza como unidade diferenciada, matéria-prima a partir da qual a vida dos homens é construída. Como em Marx, ela está em “interacção metabólica” com o homem. A natureza produz homens, e os homens transformam a natureza. Gente que molda a paisagem; a paisagem que molda a gente. Até que, no transcorrer silencioso do tempo, gente e paisagem se fazem unidade.
Esta transacção faz-se visível com a descida aos povoados. Nas práticas de transumância, na vida com os animais, no cultivo dos campos, nos usos do espaço da casa e da rua. São modos de viver e habitar o mundo em declínio devido a novas ordens de relação social e económica.
Desse modo de viver, que não mais faz parte do presente, podemos registar apenas um simulacro. Uma memória que nunca poderá ser memória autêntica, porque esse passado que foi não volta a ser. Dele resta apenas o que é no tempo presente, os seus sinais, os seus traços. É aí que se radica o acto de criação, pela acção voluntária de encontro com as próprias origens, pela relação íntima e desapegada de si com os outros, pela completa imersão na experiência do tempo presente. Para mergulhar nessas águas que abundam em toda a área do Parque, indispensáveis à vida e à fixação do homem, e voltar ao princípio original de todas as coisas.
Bruno Simões Castanheira
Abril 2017
x